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sábado, março 17

LACINHO

Depois de comprar um sutiã novo, outro dia, resolvi que ele se prestava pra ir à praia. Ele é igualzinho a um biquíni, iagualzinho. E ele fica super bem, tem bojo e tal. Os biquínis nunca são muito direitinho, não são feitos com tanto cuidado, sutiã sempre veste melhor. Vai entender: biquínis, que são pra aparecer, nunca vestem tão bem, apesar de serem mais caros.
Certas coisas no mundo não fazem mesmo sentido. Um lacinho ridículo, do tamanho da unha do meu dedão, é o que fez a diferença entre o troço ser um sutiã ou ser um biquíni. O modelo é bojo de frente única e as costuras não aparecem, o tecido é um jérsei bem no meio do caminho entre praia e lingerie, a cor é branca que serve pra os dois, então... restou o lacinho. Removido o lacinho, eu estaria vestindo um biquíini até que muito bem comportado se o critério for comparação. Com o lacinho, eu estaria de sutiã em público: um escândalo.
Sem hesitar, arranquei o lacinho e fui à praia com meu biquíni novo, toda feliz. Tudo normal, tudo certo: eu tinha uma parte de baixo branca que combinava certinho, o famigerado lacinho nem deixou marcas no tecido, tudo bonitinho, perfeito.
Ou não. Só depois de chegar em casa me dei conta: o fecho! O sutiã tinha aquele fecho (de sutiã) com ganchinhos. Só isso não seria problema, mas tinha aquela parte de feltro pra fora. Aí não deu, era sutiã mesmo, incontestavelmente.
Na mesma hora que percebi morri de vergonha. Ok, não faz sentido, mas de alguma maneira que eu mesma não sei explicar, isso de fazer ou não sentido parece não ter a mínima inportância. Eu fui à praia de sutiã e isso me incomoda, não posso evitar. Pra usar um critério prático: vê se eu vou algum dia de novo usar aquele sutiã (sim, é um sutiã!) pra ir à praia? Ainda estou com vergonha da minha "exposição", até demorei pra escrever isso aqui. De hoje em diante vou me submeter à ditadura da indústria têxtil e aceitar que as roupas são exatamente o que as etiquetas me disserem que elas são.

domingo, março 11

FOLHA UNIVERSAL

O cara da Igreja Universal do reino de Deus veio entrgar um jornalzinho aqui em casa hoje. Quer dizer, isso acho que é o que eu diria há uns anos atrás, quando eles entregavam aquela uma folha A3 dobrada, de papel jornal impressa em PB. Agora é a "Folha Universal": várias páginas, manchete, chamadas e fotos coloridas. Muito Chique.

Esta é uma das chamadas na capa, ipsis literis:

Cientistas Buscam a Onisciência
Pesquisadores da Alemanha treinam computadores para interpretar imagens de ressonância magnética do cérebro e tomar conhecimento do que a pessoa está pensando - um atributo que pertence a Deus.
pág. 04


Dentro também tinha uma reportagem de uma página com a manchete "Dízimo: o maior empreendimento" que mostrava um dentista super bem sucedido. Tem uma foto dele com seus sete funcionários, no seu consultório que vai de vento em popa graças à sua "fidelidade". Além disso uma pesquisa genial concluía: "97% dos analfabetos não estudam".
Nem no meu dia mais sarcástico eu suporia um conteúdo desses pra um jornal!

Quando o cara veio entregar o jornal, o meu cahcorro ficou tão bravo (ele é assim mesmo) que arrancou um outro jornalzinho que estava enfiado no vão do portão e o estraçalhou todinho, espalhando papel picado pelo jardim e assustando o cara da Igreja Universal. Depois descobri que o jornal estraçalhado tinha as ofertas do Hiperbom: meu cachorro comeu o jornal errado.