E.C.O.*
originalmete escrito em letras muito tortas,
dolorosamente gastanto uma página do meu caderno de desenho.
Se não dá mais pra dormir, pois a aeromoça (ops) comissária te acordou, também não dá pra desenhar porque estamos numa turbulência, digo, área de instabilidade, resta escrever um texto tortuoso e metalinguisticamente autoreferente, em pelo menos dois níveis de significado. A rigor, a sentença anterior tornaria o este um texto metametalinguisticamente autoreferente, não fosse a presente sentença, que o torma metametametalinguisticamente autoreferente, não fosse a presente sentença, que o torna metametametametalinguisticamente autorefente, não fosse.....
Nota-se que o parágrafo anterior, extendido adequadamente, torna o texto suprametalinguisticamente autoreferente.
O que dizer então de uma outra sentença, que comenta que este texto, na verdade, só dá voltas e não significa nada? Não esquecendo de observar a autoreferência da sentença anterior, afinal, ela está no texto.
Seria tolice não notar que, ao aceitar o comentário, aceita-se que o texto não faz sentido, o que torna o próprio comentário sem sentido (ele está no texto), permitindo, então que o texto faça sentido e o comentário também, a não ser pelo fato de ele estar no texto que afirma que não faz sentido. Ou não.
"Senhora, com licença, feche a mesinha para o pouso, sim? -- Durante o pouso reduziremos as luzes da cabine, obrigada."
* E.C.O. é a sigla: Eco de Característica Orbicular.